Senhores vivos, não há nada tão incomensurável
como o desdém dos finados.
(Machado de Assis)
Quando fiquei sabendo nem quis acreditar. Que triste fim, meu Deus! Ou seria: que triste maneira de continuar, depois do fim?. Veio à mente as Memórias Póstumas de Brás Cubas, lida ainda nos tempos do Seminário. Fico em dúvida se devo escrever as Memórias ou apenas Memórias. Perdoe-me essas falhas técnicas e sintáxicas, fino leitor – como também saúda os seus o inalcançável Machado de Assis. Se tiver tempo – creio que terei – revejo as concordâncias com o auxílio do dicionário, mais tarde. E por que mesmo que lembrei de Brás Cubas? Ah, pelo fato inusitado de elas, as memórias, começarem do além. A genialidade do digníssimo patrono número um da Academia será sempre um orgulho para quem admira boa literatura. Lembrá-lo e poder encaixá-lo num texto aumenta os créditos, assim penso. E, também, faz jus à sua memória. Ainda mais que o além lhe é igualmente íntimo. Voltando ao que me trouxe aqui, a vida de um sujeito deve, sim, ser lembrada depois da morte – nem que seja o próprio autor a escrever-se, como no caso do Cubas – mas, convenhamos, há maneiras e maneiras de ser perpetuado. Dar nome a uma rua, a uma praça, a uma Escola, a uma premiação – troféu fulano de tal, ser protagonista de um documentário, ou, vez e outra, ser citado na roda de conversa, enfim, tudo muito justo. Agora, nome de funerária, ninguém merece! Assinado: Frei Rogério.